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domingo, 29 de agosto de 2010

Lancheira da criança deve ter apenas fruta e água, diz nutrólogo da USP (Danuza Peixoto)

Karina Yamamoto



Em São Paulo



Comer frutas e verduras é questão de hábito. E de saúde



Com a mesma voz firme que usa com seus pacientes, o nutrólogo Ary Lopes Cardoso é enfático ao ensinar como preparar o lanche escolar da garotada: "fruta e água" é suficiente se a criança estuda de manhã.



"Mas só?" pergunta a reportagem do UOL Educação, com certa incredulidade materna. O médico, que é chefe do departamento de Nutrologia do Instituto da Criança da USP (Universidade de São Paulo) explica: "As necessidades nutricionais da criança vão diminuindo [conforme ela cresce]. Lembre que estamos na era das crianças obesas".



 o IBGE divulgou a PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) em que a afirmação do nutrólogo se traduz em números: 23,2% dos estudantes estão com excesso de peso dos quais 7,2% sofrem de obesidade.



A nutricionista e professora do Instituto de Nutrição da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Andréa Abdala, demonstra mais preocupação com os alimentos oferecidos pelas cantinas. "Se a cantina deixar de oferecer alimentos fritos, biscoitos com recheio e doces, fica mais fácil para os pais [enviarem alimentos mais saudáveis e menos calóricos]", diz.



Escola de manhã, escola de tarde

Andréa pondera que mandar apenas uma fruta como lanche pode ser pouco. Se o aluno estuda de manhã, mãe, pai ou quem cuida da garotada precisa observar se o café da manhã foi reforçado -- aí, uma fruta pode bastar. O lanche da escola não pode estragar o apetite do estudante para a refeição quando estiver em casa. "Se tiver salada de beterraba [no almoço ou no jantar], a criança não deve recusar por falta de fome", explica Andréa.



Já o professor Cardoso aconselha em um tom mais duro: "Faça o filho morar na sua casa, não more na casa dele. Para que isso seja cumprido, é preciso ter limite. Sem isso, sem educação, temos um obeso". Para ele, as crianças precisam ser educadas a se alimentarem direito, sem muitas concessões.



Para conter o engordamento das futuras gerações, Cardoso lembra ainda uma regra básica: é preciso gastar calorias. Ele aconselha que os pais controlem melhor as compras, o cardápio e o lazer. "A criança tem que brincar mais", afirma o médico, pontuando que o tempo médio em frente à tela é de 10 horas por dia contra 2 horas, há dez anos.



Mudança de hábito

Questionado sobre o balanço entre carboidratos, proteínas e vitaminas na composição da lancheira, ele rebate: "a gente come fruta, pão de queijo; você tem que se perguntar qual alimento. Não tem essa de carboidrato ou proteína".



Acostumado aos pedidos de receitas e fórmulas, ele dá pistas sobre a montagem do lanche escolar:



•"Fruta e água" é o suficiente para quem estuda de manhã;

•"Não gosto que leve suco [pronto, de caixinha], que é um fator engordativo";

•"Biscoito para mim é porcaria, melhor que seja pão";

•Se quiser variar, "barra de cereal uma vez por semana" e

•Pão de queijo [e pãezinhos em geral], no máximo, duas vezes na semana.

Se for o caso de rever as rotinas alimentares da família, os dois especialistas são claros: é preciso paciência e perseverança. Experimentar um novo alimento, por exemplo, pode custar 15 tentativas segundo Cardoso. "Tem de usar de jeitinho", aconselha o médico.



Mudança de hábito, como a introdução de mais frutas e verduras, precisa de oferta regular desses novos alimentos. "A criança precisa ver os pais comendo, elas aprendem com esse exemplo", explica Andréa Abdala.

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