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sábado, 7 de agosto de 2010

Dicionário do Palavrão" coloca Jorge Amado no topo da literatura "boca-suja" (Danuza Peixoto)

Alexandre Campbell/Folha Imagem



Brasileiros acreditavam que escritor baiano Jorge Amado usava palavrão na hora certa



Entre os escritores mais lidos da literatura brasileira, o romancista baiano Jorge Amado (1912-2001) é um dos que mais usa o palavrão em sua vasta obra literária.



A informação, obtida pelo folclorista pernambucano Mário Souto Maior (1920-2001) durante sua pesquisa para elaborar o "Dicionário do Palavrão e Termos Afins" (Editora Leitura), consta no glossário.



Souto Maior percorreu várias regiões do país para ajudar o brasileiro a entender a origem dos vocábulos impróprios. Distribuiu 8.000 formulários para penetrar em todos os cantos do país e consultou pessoas de diferentes níveis intelectuais, das mais variadas idades e condições econômicas.



Cinco anos de pesquisa renderam mais de 3.000 verbetes, tidos como chulos. O pernambucano entrevistou várias fontes e leu mais de 200 romances para finalizar o exemplar.



Falando em romances, Amado não é o único intelectual que tem lugar garantido em cada letra do alfabeto. José Lins do Rego (1901-1957), Gilberto Freyre (1900-1987) e Oswald de Andrade (1890-1954), por exemplo, também figuram entre os "bocas-sujas" letrados.



Divulgação



Folclorista pesquisou mais de cinco anos e leu mais de 200 romances



Publicado originalmente em 1974, com prefácio assinado por Freyre, o dicionário sofreu censura dos militares. O compêndio foi lançado na década de 1980, durante o governo de João Figueiredo (1918-1999). A primeira edição esgotou rapidamente. O poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) chegou a defender o glossário publicamente na edição de 20 de março de 1980 do "Jornal do Brasil".



À época, a pesquisa revelou que muitos brasileiros acreditavam que o escritor baiano usava o palavrão no momento certo, sem abusar. "Merda", o palavrão mais utilizado pelos franceses, também era o mais utilizado pela população do país.



A Livraria da Folha selecionou cinco palavrões colhidos por Souto Maior na obra literária de Amado. Reproduzimos conforme o "Dicionário do Palavrão e Termos Afins".



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- Dar a maricotinha: O mesmo que dar o cu, ato de pederastia passiva (Bahia). "O demais que tinha praticado Severina exatamente para impedir que ele lhe tirasse os tampos: onde o reverendo Frei ouvira dizer que tomar no cu era o mesmo que dar a maricotinha?" [AMADO, Jorge. Tocaia Grande. Rio de Janeiro, Record, 1984, p. 457].



- Fechar a cancela: Aposentar-se sexualmente (Nordeste). "Já fechou a cancela, Boa Vida" [AMADO, Jorge. Capitães de Areia, (3ª ed.). São Paulo, Martins, 1945, p. 93.]



- Levanta cacete: Mulher bonita, benfeita de corpo, sexy (Nordeste). "Até onde a memória alcança, as mulheres da família eram de encher o olho e de levantar cacete de morto" [AMADO, Jorge. Tereza Batista Cansada de Guerra. São Paulo, Martins, 1972, p. 43].



- Papar: Comer, ter relações sexuais (Nordeste, Sul). "Os aposentados e retirados dos negócios a viam e desejavam: - E o senhor, comandante, papou?" [AMADO, Jorge. Os Velhos Marinheiros (9ª ed.). São Paulo, Martins, 1961, p. 109].



- Zebedeu: Órgão sexual masculino (Bahia). "As raparigas, à la vontè, umas seminuas, outras em pelo, esfregavam trapos, banhavam-se, esquecidas em vadio converse. Atarantado, o adolescente não soube o que fazer nem como impedir o zebedeu de crescer sozinho na braguilha" [AMADO, Jorge. Tocaia Grande. Rio de Janeiro, Record, 1981, p. 241].

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