Rumo a uma Sociedade Cibernética (Blog N. 353 dentre os 599 Blogs do Painel do Coronel PaiM)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Moradia, qualidade de vida e segurança são os pilares da performance familiar (Danuza Peixoto)

Todo ser humano precisa de um território para viver, e nele, uma moradia onde possa dormir.



Os humanos fazem suas moradias num território onde encontra trabalho do qual tira o sustento. Os civilizados disputam a mesma caça - emprego e/ ou trabalho - e, como na natureza, sobrevive o mais forte, que no caso é quem for mais capacitado.



Em contrapartida, nossa moradia é o nosso território específco, onde ninguém que não seja da família tem o direito de "entrar". "Na minha casa, mando eu!". Eis uma das expressões que melhor demonstram o sentido de dono absoluto.



A cidade é um compartilhar de vários territórios, às vezes, até superpostos que estabelecem redes de relacionamentos com diferentes tipos e qualidades. Mas cada cidadão preserva sua moradia conforme as características de sua família e tem que pagar pelo seu conforto, saneamento básico, luz, etc.



Para citar um exemplo, há condomínios com muitos apartamentos de idêntica planta baixa. Mas não há um igual ao outro, pois cada morador o decora de acordo com suas preferências e prioridades. Até mesmo numa família, apesar de todos dormirem na mesma moradia, cada um tem seu canto para dormir e um cantinho "secreto" onde guarda suas preciosidades. Resultado: cada um dos 6,5 bilhões de habitantes da terra tem seu cantinho indevassável - pelo menos nos seus desejos.



Ninguém suportaria viver se a cada noite que se aproximasse tivesse que procurar onde dormir. Mesmo os sem-teto sabem onde irão dormir, onde guardar suas preciosidades. Cada morador de rua tem seu território e o defende com unhas e dentes.



Quem não tem moradia própria, paga aluguel ou invade e toma posse de locais onde possa dormir. E há pessoas que pagam aluguel não porque falte dinheiro para comprar a moradia, mas por um projeto fnanceiro.



Moradia e liberdade



O território dos jovens é onde possam ver e ser vistos por outros jovens, principalmente do sexo oposto. Eles precisam encontrar seus pares, pessoas com quem querem estar juntos e compartilhar aventuras, competições, festas, esportes, disputas, falas, contestações e brigas, além de jogar, falar alto, gargalhar e uma infnidade de outras ações que podem criar na hora. Muitos deles acham enfadonho morar com seus pais, sobretudo em cidades pequenas. Não que a moradia seja detestável, mas é que o seu território fca muito restrito e assim sua performance social fca muito baixa.



Mas é fato que, independente da faixa etária de uma pessoa, ter moradia própria signifca liberdade. Melhor ainda se ela for confortável, espaçosa, bem construída, bonita e saudável. Isso signifca ter alta performance e não se viver assustado, apreensivo e temeroso.



No entanto, vale lembrar que para se ter alta performance em uma moradia seria necessário:



- Ter o sufciente conforto material, com espaço adequado para tudo e todos, numa convivência em que se respeite o "ser-no-mundo" de cada um;

- Estar bem situada para receber boa ventilação e exposição ao sol;

- Ter boa localização, sufcientemente longe do barulho e adequadamente perto dos locais mais necessários para a família;

- Oferecer boa segurança para dormir tranqüilo sem sobressaltos de medo ou sustos;

- Ser, enfm, o local onde todos os familiares tenham prazer em voltar para ela e nela viver.



Dica do mês



Como Sobreviver à Própria Família

Autor: Mony Elkaïm.

Editora: Integrare



Em certos momentos, o ambiente familiar pode se assemelhar a uma prisão. Quem nunca teve sensações como essa? Em sua experiência como terapeuta, Elkaïm ajudou a solucionar diversos casos de pessoas que julgavam não haver mais saída para a vida em família, desvendando o papel específco do indivíduo no lar, as armadilhas implícitas nele, e como desenvolver esses papéis produtivamente.

domingo, 29 de agosto de 2010

Lancheira da criança deve ter apenas fruta e água, diz nutrólogo da USP (Danuza Peixoto)

Karina Yamamoto



Em São Paulo



Comer frutas e verduras é questão de hábito. E de saúde



Com a mesma voz firme que usa com seus pacientes, o nutrólogo Ary Lopes Cardoso é enfático ao ensinar como preparar o lanche escolar da garotada: "fruta e água" é suficiente se a criança estuda de manhã.



"Mas só?" pergunta a reportagem do UOL Educação, com certa incredulidade materna. O médico, que é chefe do departamento de Nutrologia do Instituto da Criança da USP (Universidade de São Paulo) explica: "As necessidades nutricionais da criança vão diminuindo [conforme ela cresce]. Lembre que estamos na era das crianças obesas".



 o IBGE divulgou a PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) em que a afirmação do nutrólogo se traduz em números: 23,2% dos estudantes estão com excesso de peso dos quais 7,2% sofrem de obesidade.



A nutricionista e professora do Instituto de Nutrição da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Andréa Abdala, demonstra mais preocupação com os alimentos oferecidos pelas cantinas. "Se a cantina deixar de oferecer alimentos fritos, biscoitos com recheio e doces, fica mais fácil para os pais [enviarem alimentos mais saudáveis e menos calóricos]", diz.



Escola de manhã, escola de tarde

Andréa pondera que mandar apenas uma fruta como lanche pode ser pouco. Se o aluno estuda de manhã, mãe, pai ou quem cuida da garotada precisa observar se o café da manhã foi reforçado -- aí, uma fruta pode bastar. O lanche da escola não pode estragar o apetite do estudante para a refeição quando estiver em casa. "Se tiver salada de beterraba [no almoço ou no jantar], a criança não deve recusar por falta de fome", explica Andréa.



Já o professor Cardoso aconselha em um tom mais duro: "Faça o filho morar na sua casa, não more na casa dele. Para que isso seja cumprido, é preciso ter limite. Sem isso, sem educação, temos um obeso". Para ele, as crianças precisam ser educadas a se alimentarem direito, sem muitas concessões.



Para conter o engordamento das futuras gerações, Cardoso lembra ainda uma regra básica: é preciso gastar calorias. Ele aconselha que os pais controlem melhor as compras, o cardápio e o lazer. "A criança tem que brincar mais", afirma o médico, pontuando que o tempo médio em frente à tela é de 10 horas por dia contra 2 horas, há dez anos.



Mudança de hábito

Questionado sobre o balanço entre carboidratos, proteínas e vitaminas na composição da lancheira, ele rebate: "a gente come fruta, pão de queijo; você tem que se perguntar qual alimento. Não tem essa de carboidrato ou proteína".



Acostumado aos pedidos de receitas e fórmulas, ele dá pistas sobre a montagem do lanche escolar:



•"Fruta e água" é o suficiente para quem estuda de manhã;

•"Não gosto que leve suco [pronto, de caixinha], que é um fator engordativo";

•"Biscoito para mim é porcaria, melhor que seja pão";

•Se quiser variar, "barra de cereal uma vez por semana" e

•Pão de queijo [e pãezinhos em geral], no máximo, duas vezes na semana.

Se for o caso de rever as rotinas alimentares da família, os dois especialistas são claros: é preciso paciência e perseverança. Experimentar um novo alimento, por exemplo, pode custar 15 tentativas segundo Cardoso. "Tem de usar de jeitinho", aconselha o médico.



Mudança de hábito, como a introdução de mais frutas e verduras, precisa de oferta regular desses novos alimentos. "A criança precisa ver os pais comendo, elas aprendem com esse exemplo", explica Andréa Abdala.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Educar na Cultura Digital" é tema de debate na Bienal do Livro (D. Peixoto)

Uma das atrações da Bienal do Livro será o debate ¿Educar na Cultura Digital¿ promovido pelas Fundações Telefônica e Santillana Foto: Getty Images Uma das atrações da Bienal do Livro será o debate "Educar na Cultura Digital" promovido pelas Fundações Telefônica e Santillana
Foto: Getty Images

Uma das atrações da 21° Bienal Internacional do Livro de São Paulo nesta sexta-feira, 20, será o debate "Educar na Cultura Digital" promovido pelas Fundações Telefônica e Santillana. O evento, que também conta com o apoio da Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI), terá início a partir das 19h30. Para participar é preciso se inscrever pelo e-mail andrea.nascimento@moderna.com.br ou pelo telefone (11) 2790.1520. As vagas são limitadas. Quem não puder comparecer ao debate poderá acompanhar a transmissão online pelo site www.educarnaculturadigital.org.br.
Três especialistas do assunto participarão da discussão. São eles, Léa Fagundes, coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que se dedica há mais de 20 anos à informática educacional; Rodrigo Nejm, diretor de Prevenção da Safernet e responsável pela criação de materiais pedagógicos e pesquisas para prevenção aos cibercrimes contra Direitos Humanos no Brasil; e André Lemos, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e diretor do Centro Internacional de Estudos Avançados e Pesquisa em Cibercultura. A mediação será da apresentadora de rádio e TV, Renata Simões.
Grupo de Estudos
O debate também foi escolhido como espaço para o lançamento do Grupo de Estudos pela Internet envolvendo a mesma temática. O objetivo das Fundações Telefônica e Santillana é colaborar para a absorção de novos códigos e linguagens da era digital, visando ao desenvolvimento intelectual e cultural de profissionais envolvidos com o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Além de incentivar o exercício responsável e ético de novas práticas sociais.
Para a viabilização do Grupo de Estudos, foi projetado um espaço online, com ambiente interativo, na plataforma tecnológica de ensino à distância do Programa EducaRede, da Fundação Telefônica, que promove a educação, principalmente com a aplicação das tecnologias voltadas para a comunicação e a informação. Os participantes terão a sua disposição materiais didáticos e de apoio, com indicação de fontes de pesquisa, além de recursos como bate-papos e palestras com especialistas, transmitidos via streamer pela TV WEB da Fundação Santillana.
A mediação online será organizada de forma a potencializar o aprofundamento de conteúdos e a troca de conhecimento e experiências entre os participantes, durante a realização de cinco módulos de estudo, em torno dos seguintes temas: Mundo Digital; Geração Interativa (ou Geração Y); Aprendizagem na Cultura Digital; Ensino e Inovação Pedagógica; e Avaliação do uso das TIC.
O Grupo de Estudos inicia suas atividades em agosto, com duração prevista para até dezembro. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas via internet, através do endereço www. educarnaculturadigital.org.br.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Desenhando a Família (Danuza Peixoto)

Hoje em dia, pai e mãe trabalham fora e filhos vão para as escolas com dois anos de idade. Babás e parentes, principalmente avós, ajudam na criação das crianças. Muitos desses pais estão separados e recasados e alguns avós também. O convívio familiar fica muito curto, o que torna mais difícil passar valores familiares aos filhos. Os pequeninos já nascem no mundo digital (apressados, querendo todo tipo de presente), imediatistas e pulam do presente 1 para o presente 3 sem passar pelo 2 - diferentemente dos avós analógicos, cujos ponteiros passam por todos os números. Os pais vivem a transição entre digitais e analógicos. Os filhos só querem o que vêem pela frente, não se incomodando com o que deixaram para trás.



Pouco convívio com os pais, associado ao consumo incentivado pelos avanços tecnológicos, faz dos filhos pessoas sem história familiar, sem afetos ou tradição, pois vivem o presente e querem o futuro, mas esquecem do passado. Para desenvolver afetividade e vínculos familiares é importante estimular cada filho a desenhar a família, como quiser, sem palpites. Em geral, as pessoas importantes estão na frente e são maiores que as outras. É bom incluir os separados, meio irmãos etc. Desenhar é fácil e gostoso, mas o que realmente alimenta os relacionamentos é cada um falar o que quiser sobre cada figura desenhada. Os conhecimentos fortalecem os relacionamentos e as tradições familiares. Logo estarão desenhando a árvore genealógica da família. Chega então a hora de colar as fotografias na árvore. É como levar os filhos a conhecer como viviam aqueles familiares tão queridos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Dever de casa (Danuza Peixoto)

Por Içami Tiba

Pais: Dêem um basta à súplica para que o filho passe de ano.



Seu filho não tem que ser aprovado e sim aprender o que lhe é ensinado. Nosso cérebro aprende perfeitamente neste binômio pergunta-resposta, não importa a ordem. Não se aprende com uma pergunta sem resposta nem com uma resposta sem se saber da pergunta. Os pais têm que acompanhar de perto os estudos dos filhos, não permitindo que costumes populares tão arraigados na cultura estudantil brasileira tomem conta deles.



Os conceitos contemporâneos de educação formam hoje um novo paradigma: o da Alta Performance. É fazer e pensar o melhor possível para o bem da humanidade e da preservação das condições de vida no planeta. Deve-se usar sempre o seletor de pensamentos para escolher os melhores dentre os 60.000 que temos a cada dia, dos quais 95% são simplesmente repetitivos. São 55 pensamentos por segundo para quem dorme 8 horas por dia. Para se fazer o melhor possível uma pessoa tem que ter conhecimentos atualizados e a prática do aprender sempre. A obsolescência é um atraso de vida.



Os pais devem saber que decoreba não é aprendizado, mas sim um material colocado pronto no cérebro que não é assimilado pelo corpo do conhecimento, pois é perecível e descartável. Ele perece após a prova, sendo ou não usado. A memória retém o conteúdo até o término da prova, após a qual ele é deletado. Quando se registra em algum lugar o número do telefone, este desaparece da memória.



Para aprender, o aluno tem que estudar corretamente e descobrir sua finalidade, que é encontrar o significado daquela matéria estudada. É impossível os pais estudarem pelo filho ou controlarem a mente dele. Os pais podem até obrigar o filho a estudar, mas o que ele faz na mente dele, só a ele pertence. Os pais têm como exigir resultados e isto dá trabalho, mas é fácil.



O filho tem o dever de estudar em casa as matérias que os professores passaram em aula diariamente e não somente nas vésperas das provas. O filho pode descobrir qual o melhor meio para estudar, mas que faça um resumo de três linhas sobre o que estudou, usando em média 50 palavras próprias.



A quantidade, em média 50 palavras, é suficiente para desenvolver uma idéia com começo, meio e fim, usando resumidamente algumas explicações básicas. É quase um terço das 140 palavras que se usa no Twitter, serviço de microblogging em que mensagens curtas e rápidas são trocadas na internet. A qualidade das próprias palavras sem usar nenhuma do texto estudado é para que o corpo do conhecimento que assimilou o conteúdo, use-o pela primeira vez no texto não como repetição, mas como uma experimentação. Quem não conseguir usar as próprias palavras é porque não fez a própria assimilação e "decorou" o texto. Só se consegue expressar desta maneira quem realmente tenha assimilado.



A grande novidade deste método de Alta Perfomance de Estudo é descobrir onde e como aplicar o que estudou. Isso deve também estar resumidamente escrito como observação além do texto, no próprio resumo, como se fosse um item "Como ou quando usar". Assim, o cérebro completa o binômio pergunta-resposta para completar um conhecimento.



Cobrar este resumo é fácil. Basta que o filho envie pelo celular como SMS, e-mail etc. Os pais estão preparando o filho para serem responsáveis sem deixar nada para depois.



Cobrar que os filhos cumpram com suas obrigações é um gesto de amor, e quem ama, educa. Se o filho é mole, a cobrança tem que ser firme. Ele não poderá fazer qualquer outra atividade (sair, "internetar", dormir, etc) sem antes cumprir sua tarefa do dia. Caso ele durma sem tê-la feito, cabe aos pais acordar o filho para que faça. Poupar o filho "já que ele dormiu" é dar marcha ré no processo do aprendizado responsável. Acordar o filho não é ruindade mas muito amor para poder dissolver a preguiça mental e corporal que mina qualquer educação e atrasa o Brasil.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Beber leite pode causar congestão do trato respiratório?(D.Peixoto)



Muitas pessoas acreditam que beber leite pode levar à congestão nasal. Será verdade? Foto: Getty Images Muitas pessoas acreditam que beber leite pode levar à congestão nasal. Será verdade?

Muitas pessoas acreditam que beber leite pode levar à congestão do trato respiratório, mas estudos geralmente descartaram o fato e o classificaram como lenda infundada. Num experimento conhecido, cientistas descobriram que nem mesmo pessoas inoculadas com o vírus da gripe apresentaram um aumento estatisticamente significativo em sintomas ou secreções nasais quando tomaram leite.
Entretanto, um novo relatório sugere uma possível explicação: apenas um pequeno grupo de pessoas é suscetível. A teoria é descrita no Medical Hypotheses, uma publicação dedicada a teorias biomédicas ousadas, às vezes radicais.
Em seu relatório, os autores apontam estudos que mostram que nem todo leite é igual. Alguns tipos de leite, de certas raças de vacas, contêm uma proteína chamada Beta-CM-7, que, segundo alguns estudos, estimula glândulas no trato digestivo. Essas glândulas também são encontradas no trato respiratório, onde sabe-se que elas produzem muco em quantidade exagerada em condições causadas por inflamação, como asma.
Os autores afirmam que consumir leite que contém a proteína Beta-CM-7 pode estimular mucosidade no trato respiratório, especialmente em pessoas com condições pulmonares crônicas.
"Esses pré-requisitos", eles escrevem, "podem explicar por que apenas um subgrupo da população, que teve a produção de muco do trato respiratório aumentada, descobre que muitos dos sintomas, incluindo asma, melhoram com uma dieta sem laticínios".
Assim, pode haver uma relação entre leite e mucosidade do trato respiratório em algumas pessoas, mas por enquanto isso é apenas uma hipótese.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

historia da ovelha perdida

Na estória de hoje, Jesus está reunido com todos os publicanos (cobradores de impostos) e pecadores. Os publicanos eram muito mal vistos pelo povo, pois roubavam na hora de cobrar os impostos. Naquela época, falar em publicano era a mesma coisa que falar em pecador, eram palavras usadas como sinônimos. Jesus está pregando e os pecadores estão ouvindo. Os fariseus (membros de um grupo religioso que obedecia as leis judaicas ao pé da letra) e os escribas (doutores da lei ou os teólogos da época) não podiam concordar com aquela cena: Jesus falando com pecadores. Segundo a lei judaica, alguém que diz seguir os mandamentos de Deus jamais poderia entrar em contato com pecadores. Como, então, Jesus, que se diz Filho de Deus, pode estar conversando com pecadores. Naquela época pensava-se “quem conversa com pecadores, também se transforma em pecador”. E Jesus, para explicar por que ele também conversa com aqueles considerados pecadores, conta uma estória: da ovelha perdida. Nesta estória, Jesus fala de um pastor de ovelhas (que na época também eram muito discriminados, pois eram considerados ladrões, pecadores), que tinha 100 ovelhas. Jesus conta a estória como se o pastor de ovelhas fosse Deus e as ovelhas fossem os seres humanos.
Este pastor tinha muito trabalho para cuidar do seu rebanho, pois sempre tinha que contar suas ovelhas para ver se não faltava nenhuma. Um dia, ele sente falta de uma de suas ovelhas. Ele conta e reconta o rebanho várias vezes, mas só consegue achar 99 ovelhas. E o pastor fica muito triste, pois falta uma ovelha. Para o pastor, cada ovelha é muito especial. Portanto, ele resolve prender as 99 ovelhas que estão perto dele e vai procurar aquela que falta. Ele só consegue descansar na hora em que ele encontra a ovelhinha perdida.
Quando Jesus contou esta estória, ele queria nos dizer que é melhor um pecador arrependido, do que alguém que se faz de conta de santinho. Também que qualquer um de nós pode ser uma ovelha perdida, mas Deus nunca vai nos abandonar.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Obesidade e problemas de comportamento (Danuza Peixoto)

Por Içami Tiba

O corpo humano é um reservatório de calorias. Não existe uma medida única de gasto diário de energia, pois ela depende de características pessoais, como biótipo, altura, peso, idade, condições hormonais, atividades, qualidade de sono, comportamentos, estados psicológicos, filosofia de vida, e de características ambientais como clima, temperatura, altitude, estações do ano, locais (praia, montanha).



O melhor controle para se conseguir um bom e saudável equilíbrio calórico é se pesar. Para isso, deve-se tomar alguns cuidados como: usar sempre a mesma balança e as mesmas roupas; pesar-se de preferência antes ou depois do banho diário, nas mesmas condições do dia e de alimentação. As pessoas que usam as próprias roupas como medidas só constatam alterações maiores do que 5% do seu peso ideal. O cinto é um acessório que só demonstra o perímetro abdominal, mas engorda-se também nos quadris, no peito e nos braços.



Chega-se ao peso pessoal ideal com a ajuda de um especialista. Uma pessoa só engorda se ingerir mais calorias do que gasta e emagrece se gastar mais do que come. É muito simples: comeu a mais? Engorda. Comeu a menos? Emagrece.



Geralmente os obesos se queixam que não sabem por que são gordos se comem tão pouquinho... Ora, se engordou é porque ingeriu. Não se cria caloria do nada. Pessoas sem tempo comem rapidamente “qualquer coisinha” no lugar de uma refeição saudável. Esta geralmente tem menos calorias e mais sais minerais e vitaminas, promovendo a saciedade, um dos ingredientes da saúde e da qualidade de vida. Quem come depressa não percebe o que comeu. O maior engano é sair de casa somente com um cafezinho para o trabalho ou para a escola, comer “qualquer coisa”, geralmente muito calórica, no meio da manhã e fazer apenas uma refeição (almoço ou janta) por dia. A soma destas calorias geralmente é maior do que o consumo diário de alguém que faz várias refeições.



O nosso cérebro está programado para a sobrevivência. O que se come em excesso, o cérebro manda o organismo acumular. O que se acumula de gordura comendo uma vez por dia não se consegue queimar em um dia.



O apreço aos sabores passa a ser desenvolvido desde os primeiros alimentos. Portanto, quando um nenê já começa a ser alimentado com comida saudável ele com certeza não será gordo. Pais adoram a figura clássica de um bebê feliz: rechonchudinho, bochechudinho, mãozinhas e pezinhos gordinhos, formando até furinhos nos lugares onde é impossível engordar... Pois este nenê, se assim continuar, será um obesinho e morrerá cedinho, bem antes do tempo acometido por uma série de doenças “evitáveis”: diabetes tipo 2, pressão alta, altas taxas de açúcar e gordura no sangue, entre outras.



Como psiquiatra, sempre ressalto que quem não aprende a comer de maneira saudável, além de morrer mais cedo, apresenta características comportamentais problemáticas - principalmente baixa tolerância às frustrações, atrapalhando a própria vida e a de todos à sua volta.



O comer saudável diz respeito a qualidade e quantidade dos alimentos e também à maneira de comer. Tudo o que fazemos obedece a um ritmo: ingerir (comer) as informações, transformá-las (digestão) em conhecimentos e praticá-las (desenvolver o corpo e as experiências de vida).



Quem mastiga bem dá tempo para o cérebro enviar mensagens para o tubo digestivo continuar trabalhando ou para parar de comer, quando há sensação de saciedade. Quem aprende a esperar e resolver situações no tempo certo melhora em tudo, desde comer até estudar, trabalhar e se relacionar com outras pessoas. Há pais que, ao satisfazerem imediatamente a criança nas suas mínimas vontades, não estão ensinando a mastigação e a digestão das recompensas, dos prêmios e da saúde mental. Esta se torna uma criança obesa em vontades, que parece que vai morrer se não for atendida imediatamente. Não aprende a esperar para falar, para fazer, para ouvir primeiro e depois falar. Enfim, torna-se uma criança mal educada.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ajude seu filho a aprender, e não só a ser aprovado (Danuza Peixoto)

Por Içami Tiba

O fim de ano escolar chegou, trazendo resultados para nossos filhos/alunos. Há dois resultados a ponderar: aprovação escolar (que vale mais agora) e aprendizagem (que vale para a vida).



Há pais que se contentam com aprovação sem verificação do aprendizado. Ninguém gosta de ser reprovado. A dependência é um recurso dos reprovados.



Pais sabem se seus filhos aprenderam ou não. Quem aprendeu é aprovado mas quem não aprendeu também pode ser. Basta "colar" ou praticar o método do "decoreba" para a prova. Portanto, o melhor caminho para não ser reprovado é o aprendizado.



Se não for aprovado, mesmo que possa sobreviver, o filho não terá uma qualidade de vida que teria se concluísse os cursos. Quanto maior a capacitação profissional, melhores serão os seus ganhos. Dinheiro é energia de vida. Assim, é necessário descobrir o erro que levou à reprovação.



Não é errando que se aprende, mas corrigindo o erro. Conhecendo o caminho da aprendizagem, a construção do conhecimento, fica mais fácil aprender.



Vou passar a você - pai, professor, educador em geral - as 6 etapas da construção do conhecimento. Estas lhe chegarão como informações e espero que você as transforme em conhecimentos para ajudar seus aprendizes:



Conhecimento, cada um constrói o seu. Ninguém o faz por você. Estas etapas lhe chegam como informações. Eis as etapas:



1. RECEBER estas etapas dentro de si, isto é, fazê-las chegar até o seu cérebro pensante;



2. APROVAR o que recebeu pois, se reprovar, este processo pára aqui.



3. ASSIMILAR o que aprovou, incluindo-as no corpo do conhecimento já existente.



4. AVIVAR o que assimilou, dando-lhe destaque e significado afetivo como a um celular, muito desejado, que um jovem ganha.



5. EXPERIMENTAR o que avivou. É colocá-la em ação pela primeira vez.



6. PRATICAR é repetir muitas vezes o que experimentou. A prática é a mãe da sabedoria, que uma vez atingida, passa a fazer parte do seu corpo do seu conhecimento. Você nem precisa racionar mais, porque o conhecimento vem automaticamente embutido nas suas ações.



Ninguém nasce sabendo. Tudo é aprendido. O que as pessoas têm dentro de si, um dia esteve fora. Nascemos é com um potencial infinito de aprendizagem.



O que os pais podem fazer para o filho aprender é matriculá-lo em escola com bons professores e acompanhar os filhos para que estudem todos os dias. Não existe falta de tempo para isso para quem tem celular.



Os pais têm que cobrar do filho que ele estude diariamente a matéria recebida através de um torpedo contendo uma frase que resuma com suas próprias palavras o conteúdo estudado. Colocando os estudos como uma obrigação, como o pai tem com o trabalho, através do qual sustenta a família, o filho que não cumprir esta parte perde qualquer privilégio como sair no final de semana, assistir TV, usar o computador etc.



Para o filho, esta frase é a 5ª etapa, a fase da experimentação prática do conteúdo assimilado. Se o filho registrar esta frase em outro arquivo, no final do mês terá o resumo do mês. Se ocasionalmente praticar, isto é, refletir sobre as diversas frases feitas, ele estará preparado para fazer a prova.



Este esquema deve ser aumentado nas matérias que ele tiver dificuldade, sem sem relaxar com aquelas que tiver facilidades. Não há provas escolares que resistam ao saber.

domingo, 8 de agosto de 2010

Sono irregular férias pode trazer problemas metabólicos a crianças (Danuza Peixoto)

Além de passear e de brincar, para muitas crianças as férias escolares significam também o relaxamento da rotina, sobretudo do horário dedicado ao sono. Segundo Paulo Plaggert, neurologista do Hospital Infantil Darcy Vargas, ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a falta de um período regular de descanso pode desencadear problemas metabólicos, a exemplo de crises de dor de cabeça.




“A falta de horário para dormir nas férias atrapalha a vida de uma criança, pois pode levar a não realização de todas as refeições diárias, o que não é bom para o organismo infantil”, afirma Plaggert. Segundo o médico, a tendência é dedicar em média 8 horas para o sono. Entretanto, o ideal é que a criança durma um período suficiente para o descanso.



Além disso, maus hábitos familiares podem prejudicar a qualidade de sono infantil. Plaggert recomenda manter um ambiente tranquilo, onde a criança não divida o quarto com os adultos, não durma na mesma cama dos pais e nem fique com a televisão ligada ou a luz acesa até tarde da noite. “As determinações de regras e de limites são essenciais para um filho”, ressalta.



A fim de garantir a volta às aulas sem consequências indesejadas, a exemplo do déficit de atenção que pode comprometer o rendimento escolar, Plaggert orienta que os pais reservem de uma semana a 10 dias para realizar a readequação da rotina das crianças. “O ideal é adiantar gradativamente a hora de dormir e de acordar até chegar ao horário regular de sono em período escolar”, finaliza.

sábado, 7 de agosto de 2010

Dicionário do Palavrão" coloca Jorge Amado no topo da literatura "boca-suja" (Danuza Peixoto)

Alexandre Campbell/Folha Imagem



Brasileiros acreditavam que escritor baiano Jorge Amado usava palavrão na hora certa



Entre os escritores mais lidos da literatura brasileira, o romancista baiano Jorge Amado (1912-2001) é um dos que mais usa o palavrão em sua vasta obra literária.



A informação, obtida pelo folclorista pernambucano Mário Souto Maior (1920-2001) durante sua pesquisa para elaborar o "Dicionário do Palavrão e Termos Afins" (Editora Leitura), consta no glossário.



Souto Maior percorreu várias regiões do país para ajudar o brasileiro a entender a origem dos vocábulos impróprios. Distribuiu 8.000 formulários para penetrar em todos os cantos do país e consultou pessoas de diferentes níveis intelectuais, das mais variadas idades e condições econômicas.



Cinco anos de pesquisa renderam mais de 3.000 verbetes, tidos como chulos. O pernambucano entrevistou várias fontes e leu mais de 200 romances para finalizar o exemplar.



Falando em romances, Amado não é o único intelectual que tem lugar garantido em cada letra do alfabeto. José Lins do Rego (1901-1957), Gilberto Freyre (1900-1987) e Oswald de Andrade (1890-1954), por exemplo, também figuram entre os "bocas-sujas" letrados.



Divulgação



Folclorista pesquisou mais de cinco anos e leu mais de 200 romances



Publicado originalmente em 1974, com prefácio assinado por Freyre, o dicionário sofreu censura dos militares. O compêndio foi lançado na década de 1980, durante o governo de João Figueiredo (1918-1999). A primeira edição esgotou rapidamente. O poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) chegou a defender o glossário publicamente na edição de 20 de março de 1980 do "Jornal do Brasil".



À época, a pesquisa revelou que muitos brasileiros acreditavam que o escritor baiano usava o palavrão no momento certo, sem abusar. "Merda", o palavrão mais utilizado pelos franceses, também era o mais utilizado pela população do país.



A Livraria da Folha selecionou cinco palavrões colhidos por Souto Maior na obra literária de Amado. Reproduzimos conforme o "Dicionário do Palavrão e Termos Afins".



*

- Dar a maricotinha: O mesmo que dar o cu, ato de pederastia passiva (Bahia). "O demais que tinha praticado Severina exatamente para impedir que ele lhe tirasse os tampos: onde o reverendo Frei ouvira dizer que tomar no cu era o mesmo que dar a maricotinha?" [AMADO, Jorge. Tocaia Grande. Rio de Janeiro, Record, 1984, p. 457].



- Fechar a cancela: Aposentar-se sexualmente (Nordeste). "Já fechou a cancela, Boa Vida" [AMADO, Jorge. Capitães de Areia, (3ª ed.). São Paulo, Martins, 1945, p. 93.]



- Levanta cacete: Mulher bonita, benfeita de corpo, sexy (Nordeste). "Até onde a memória alcança, as mulheres da família eram de encher o olho e de levantar cacete de morto" [AMADO, Jorge. Tereza Batista Cansada de Guerra. São Paulo, Martins, 1972, p. 43].



- Papar: Comer, ter relações sexuais (Nordeste, Sul). "Os aposentados e retirados dos negócios a viam e desejavam: - E o senhor, comandante, papou?" [AMADO, Jorge. Os Velhos Marinheiros (9ª ed.). São Paulo, Martins, 1961, p. 109].



- Zebedeu: Órgão sexual masculino (Bahia). "As raparigas, à la vontè, umas seminuas, outras em pelo, esfregavam trapos, banhavam-se, esquecidas em vadio converse. Atarantado, o adolescente não soube o que fazer nem como impedir o zebedeu de crescer sozinho na braguilha" [AMADO, Jorge. Tocaia Grande. Rio de Janeiro, Record, 1981, p. 241].

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Obesidade e problemas de comportamento (Danuza Peixoto)

Por Içami Tiba

O corpo humano é um reservatório de calorias. Não existe uma medida única de gasto diário de energia, pois ela depende de características pessoais, como biótipo, altura, peso, idade, condições hormonais, atividades, qualidade de sono, comportamentos, estados psicológicos, filosofia de vida, e de características ambientais como clima, temperatura, altitude, estações do ano, locais (praia, montanha).



O melhor controle para se conseguir um bom e saudável equilíbrio calórico é se pesar. Para isso, deve-se tomar alguns cuidados como: usar sempre a mesma balança e as mesmas roupas; pesar-se de preferência antes ou depois do banho diário, nas mesmas condições do dia e de alimentação. As pessoas que usam as próprias roupas como medidas só constatam alterações maiores do que 5% do seu peso ideal. O cinto é um acessório que só demonstra o perímetro abdominal, mas engorda-se também nos quadris, no peito e nos braços.



Chega-se ao peso pessoal ideal com a ajuda de um especialista. Uma pessoa só engorda se ingerir mais calorias do que gasta e emagrece se gastar mais do que come. É muito simples: comeu a mais? Engorda. Comeu a menos? Emagrece.



Geralmente os obesos se queixam que não sabem por que são gordos se comem tão pouquinho... Ora, se engordou é porque ingeriu. Não se cria caloria do nada. Pessoas sem tempo comem rapidamente “qualquer coisinha” no lugar de uma refeição saudável. Esta geralmente tem menos calorias e mais sais minerais e vitaminas, promovendo a saciedade, um dos ingredientes da saúde e da qualidade de vida. Quem come depressa não percebe o que comeu. O maior engano é sair de casa somente com um cafezinho para o trabalho ou para a escola, comer “qualquer coisa”, geralmente muito calórica, no meio da manhã e fazer apenas uma refeição (almoço ou janta) por dia. A soma destas calorias geralmente é maior do que o consumo diário de alguém que faz várias refeições.



O nosso cérebro está programado para a sobrevivência. O que se come em excesso, o cérebro manda o organismo acumular. O que se acumula de gordura comendo uma vez por dia não se consegue queimar em um dia.



O apreço aos sabores passa a ser desenvolvido desde os primeiros alimentos. Portanto, quando um nenê já começa a ser alimentado com comida saudável ele com certeza não será gordo. Pais adoram a figura clássica de um bebê feliz: rechonchudinho, bochechudinho, mãozinhas e pezinhos gordinhos, formando até furinhos nos lugares onde é impossível engordar... Pois este nenê, se assim continuar, será um obesinho e morrerá cedinho, bem antes do tempo acometido por uma série de doenças “evitáveis”: diabetes tipo 2, pressão alta, altas taxas de açúcar e gordura no sangue, entre outras.



Como psiquiatra, sempre ressalto que quem não aprende a comer de maneira saudável, além de morrer mais cedo, apresenta características comportamentais problemáticas - principalmente baixa tolerância às frustrações, atrapalhando a própria vida e a de todos à sua volta.



O comer saudável diz respeito a qualidade e quantidade dos alimentos e também à maneira de comer. Tudo o que fazemos obedece a um ritmo: ingerir (comer) as informações, transformá-las (digestão) em conhecimentos e praticá-las (desenvolver o corpo e as experiências de vida).



Quem mastiga bem dá tempo para o cérebro enviar mensagens para o tubo digestivo continuar trabalhando ou para parar de comer, quando há sensação de saciedade. Quem aprende a esperar e resolver situações no tempo certo melhora em tudo, desde comer até estudar, trabalhar e se relacionar com outras pessoas. Há pais que, ao satisfazerem imediatamente a criança nas suas mínimas vontades, não estão ensinando a mastigação e a digestão das recompensas, dos prêmios e da saúde mental. Esta se torna uma criança obesa em vontades, que parece que vai morrer se não for atendida imediatamente. Não aprende a esperar para falar, para fazer, para ouvir primeiro e depois falar. Enfim, torna-se uma criança mal educada.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Para Rosely Sayão, lei que proíbe palmadas é invasão do Estado na vida privada (Danuza Peixoto)

Para Rosely Sayão, lei que proíbe palmadas é invasão do Estado na vida privada


A psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão, colunista da Folha, participou de bate-papo  sobre o projeto da lei que proíbe palmadas, beliscões e castigos físicos em crianças e adolescentes.





Veja como foram os outros bate-papos da Folha



Bruno Miranda 



A psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão participou de bate-papo com 851 internautas





Para Rosely Sayão, o projeto que altera a lei que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, vetando o uso de castigos físicos e tratamentos cruéis na educação infantil, mostram a invasão do Estado na vida privada.



"Acho isso muito perigoso. Hoje podemos ser contra a palmada --eu sou-- mas amanhã, sabe-se lá o que pode ser transformado em lei?", disse a colunista da Folha durante o bate-papo.



Participaram do chat 851 pessoas. Veja a agenda de bate-papo do UOL.



O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas.








Bem-vindo ao Bate-papo com Convidados do UOL. Com Rosely Sayão sobre a lei da palmada.



(05:01:30) Rosely Sayão: Ola pessoal. é um prazer conversar com vocês.



(05:01:30) Mariana fala para Rosely Sayão: olá, Rosely! muita gente diz que isso não é uma questão de lei. O que você pensa a respeito? Se não é preciso uma lei, é preciso ensinar os pais como educarem?



(05:02:58) Rosely Sayão: Mariana: considero bem complicada essa historia de transformar em lei. Ao mesmo tempo não sei se é possível ensinar aos pais como educar. Podemos, talvez, dar maior apoio a eles nessa árdua tarefa de educar crianças e jovens.



(05:03:11) Lia fala para Rosely Sayão: Sua opinião Rosely, por favor sobre a Lei da Palmada



(05:05:09) Rosely Sayão: Essa lei, junto com outras bem diferentes, mostram a invasão do estado na vida privada. Acho isso muito perigoso, Lia. Hoje podemos ser contra a palmada - eu sou - mas amanhã, sabe-se lá o que pode ser transformado em lei?



(05:05:15) Ana Patricia fala para Rosely Sayão: Primeiramente boa tarde a todos... eu gostaria de saber como a lei vai poder atuar em uma família? Porque muitos dos pais não aceitam essa nova lei...



(05:07:14) Rosely Sayão: Ana Patricia: Boa tarde. Ah, eu também não consigo vislumbrar isso. Agora, acho bom lembrar que vivemos em um país que tem uma máxima popular: "Aos meus inimigos, a Lei". Já pensou como isso complica ainda mais a história?



(05:07:20) Tati fala para Rosely Sayão: Rosely, vc sabe oq pode acontecer caso um pai bata em uma criança? A criança pode reclamar pras autoridades? Isso é um absurdo, pois a criança pode incriminar seus próprios pais as vezes sem eles terem realmente batido!!!



(05:09:48) Rosely Sayão: Tati: creio que um adulto - e em geral é isso o que acontece - pode denunciar situações de maus tratos contra crianças que tenha conhecimento. Agora, se a criança pode fazer a denuncia, isso eu não sei. Mas acho que poderia, não é? Agora, seria preciso investigar para comprovar e isso é possível.



(05:09:54) Petrus fala para Rosely Sayão: Você acha que a chamada palmada didática existe? e se existe é prejudicial a formação da criança?



(05:11:52) Rosely Sayão: Petrus: acho essa expressão terrível. Como assim, palmada didática? Palmada de amor? Não aceito. Não creio que, necessariamente, a palmada seja prejudicial. Mas se há meios melhores do que esse e não violentos, por que precisamos usar a palmada, não é verdade?



(05:11:57) Mãe fala para Rosely Sayão: Tenho uma filha de 11 anos e 1 filho de 1 e 7 meses, o meu pequeno é muito sapeca, tento conversar explicar e ensinar que não pode certas coisas, mas ele não atende, muito pelo contrario percebo que ele faz errado novamente e me olha me testando, quana gente fala umas 5 vezes que não pode, e mesmo assim ele continua fazendo travessuras se não pode dar palmadas e nem corrigir através de castigos, o que é que eu devo fazer?



(05:16:11) Rosely Sayão: Mãe: você acredita mesmo que uma criança tão pequena conseguiria controlar um impulso? Não consegue, mesmo que queira. Aliás, muitas atitudes das crianças que hoje são interpretadas como desafio ou teste, na verdade são pedidos de ajuda; Mais ou menos assim: "Mãe, você consegue, por favor, me impedir de fazer isso que você disse que eu não devo fazer mas que eu insisto em querer fazer?" Nessa idade, mimnha cara, você precisa conter seu filho, distrair, tira-lo da frente da tentaçao etc... E você precisa se conformar: repetir que nao pode cinco vezes é pouco. Você terá de fazer isso durante uns 18 anos, mais ou menos...



(05:16:29) menina fala para Rosely Sayão: boa tarde pessoas. Essa lei vem com intuito de acabar, ou ao menos reduzir casos como o da promotora? pessoas que chegam a esse ponto podem se intimidar com essa lei? na tua opinião.



(05:18:20) Rosely Sayão: Menina: o espirito da lei é legítimo: proteger nossas crianças de adultos loucos, descontrolados, irresponsaveis etc. Mas nao sei se a forma é adequada.



(05:18:26) miltonribeiro fala para Rosely Sayão: Considero-me um pai experiente em matéria de educar os fihos - porque assisto-os hoje já adultos e responsáveis - gostaria de saber cmo os pais de hoje podem usar metodos alternativos às palmadas quando necessário?



(05:21:21) Rosely Sayão: Milton: não sei porque consideramos a palmada tao necessaria assim. Antes dos seis anos, por exemplo, a criança precisa de um adulto sempre por perto para evitar que faça o que não deve. depois dessa idade, deve aprender a arcar com as consequencias de seus atos. Nao precisa mesmo ser uma palmada...



(05:21:45) Elis fala para Rosely Sayão: Você não acha ROSELY que essa Lei na verdade é uma forma ineficiente de tomar como radical, a autoridade dos pais sobre os filhos e, ao mesmo tempo, de as autoridades de eximirem da culpa por não estarem preperados de fato para lidarem com tal situação uma vez que os conselhos tutelares não agem de maneira eficiente nos casos reais de abusos contra crianças.



(05:24:16) Rosely Sayão: Elis: você toca em um ponto bastante delicado. De nada adianta termos leis se permitimos que elas não sejam cumpridas, se não as respeitamos. VEja o trânsito, por exemplo. Quem dirige acatando todas as regras é considerado um motorista babaca... E quanto aos conselhos tutelares e demais instâncias responsaveis pela proteção à criança: sabemos que não funcionam. o que é lamentavel.



(05:24:40) andrade fala para Rosely Sayão: olá tenho dois filhos - um de 5 anos e outro de 3 - eu imponho o limite e conto até 3 para que faça o que estou dizendo - caso contrario dou uma palmada, nunca espanquei ou feri meus filhos - mas eles sabem que se não me respeitar vão apanhar - isso é errado - é errado impor limite - vejo outros pais que o filho pode de tudo e eles são insuportaveis



(05:26:35) Rosely Sayão: Andrade: seu texto nos leva a pensar que o pai que não bate não impoe limites. ISso é um equivoco, devo assinalar. Conheço muitos pais que dão as chamadas palmadas pedagógicas e são permissivos em demasia e pais que nunca bateram e são rigorosos na educaçao dos filhos...



(05:27:17) karen_ce fala para Rosely Sayão: Não sou mãe,mas sou professora há dez anos e vejo que crianças que apanham tem comportamentos diferentes como agressão aos colegas ou ficam caladas e excessivamente tristes.Identificando uma criança que apanha como devemos nos comportar?



(05:29:31) Rosely Sayão: Karen_ce: eu penso que todo adultos, seja ou não pai ou professor, tem uma grande responsabilidade com todas as nossas crianças. Elas são nosso futuro! Quando desconfiamos que crianças são espancadas, precisamos tomar alguma providencia, nao podemos fingir que nada acontece... Agora, creio que as providencias podem ser bem diversas entre si.



(05:29:43) Dhy fala para Rosely Sayão: Rosely, sei que esta lei tem o objetivo de diminuir cada vez mais os maus tratos e violências com menores, concordo plenamente com o objetivo, entretanto não concordo com a ferramenta usada para este objetivo. Tenho 23 anos, fui educado ao modo antigo (palmadas, castigos, surras), não guardo nenhum rancor de meus pais, pelo contrário, agradeço a eles.Penso que se ja estamos num mundo conturbado mesmo tendo uma educação mais rígida, imagine como vai ser quando relaxarmos e não darmos mais palmadas?



(05:31:55) Rosely Sayão: Dhy: olha, uma educação rígida, rigorosa, firme, não precisa ser a base da palmada. Palmada, gente, é uma violencia contra a criança, tenha ou não a intenção de ser... E o mundo esta conturbado mesmo - concordo - mas por responsabilidade dos adultos e não das crianças...



(05:31:55) Cassia fala para Rosely Sayão: Eu tenho um filho de 8 meses e uma filha de 3 anos. Percebo que quando ela está sonolenta seu temperamento muda e ela fica agressiva. O que eu devo fazer? Bom, também sou contra a agressão física e moral, mas meu marido e os avós são contrários.



(05:34:23) Rosely Sayão: Cassia: a criança de tres anos não sabe identificar o que tem. se ela tem sono e não e colocada na cama, vai ficar tudo isso que vocÊ falou e muito mais. Vc pode coloca-la para se recolher, mesmo que ela resista. ALias, pessoal, criança é assim mesmo: resiste muito a mudanças. Se esta dormindo, resiste a acordar etc... por isso precisam de nossa intervenão



(05:34:29) Vegan fala para Rosely Sayão: Já vi casos em professoras e babás agrediram uma criança. Essa lei não seria uma boa alternativa para as mães que não sabem como agir depois de descobrirem o ocorrido com seus filhos?



(05:35:35) Rosely Sayão: Vegan: desculpe, não entendi sua questão. Vc pode reformular, por favor?



(05:35:41) Professor:Hamilton fala para Rosely Sayão: Tenho acompanhado seu trabalho, e ele muito tem contribuido par com o meu trabalho.Eu sempre fui à favor do diálogo mas acredito também na palmada.De que forma você associa a velha e tradicional palmada com o autoritarismo cada vez mais aguçado desta nova geração?



(05:39:50) Rosely Sayão: Professor: há fases da vida dos mais novos que o dialogo é impossivel. dialogar com uma criança que quer brincar em vez de dormir? como dialogar com um jovem que quer usar drogas perigosas? Na maior parte das vezes chamamos de dialogo o que na verdade é convencimento: queremos convencer os mais novos a aceitarem nossas ordens sem que pareçam ordens. O fato é: educar tem um pouco de tirania sempre. Afinal, quem disse que ir para a escola, por exmeplo, é bom para a criança? Somo nós e não elas...Educar supor sempre imposições. Não adianta querermos tapar o sol com a peneira. E você tem razão: hoje os filhos são autoritarios porque os pais não são. Prefiro que os pais sejam.



(05:40:08) cellz fala para Rosely Sayão: qualquer tipo de punição física não seria justamente uma ditadura? (não quero discutir, nem justificar, nem educar, só ser obedecido). Isso não cria a noção na criança que a violência física é a única forma de se impor?



(05:41:34) Rosely Sayão: cellz: isso não cria nada ja que memso quem apanha pode querer arcar com esse custo para fazer o que não deve. A autoridade moral é bem mais eficiente...



(05:41:40) Tati fala para Rosely Sayão: Sou TOTALMENTE contra aos castigos físicos,morais enfim,mas minha filha de 2 anos atualmente com tantas birras e coisas tipicas da idade me tiram tanto do sério que pra não dar "palmadas" acabo chorando, me descontrolo.Posso coloca-la pra "pensar?



(05:44:37) Rosely Sayão: Tati: voce pode nao acreditar, mas a fase das birras passam... ela so precisa confirmar que as birras que ela faz não tiram voce de seu papel. MAs tem tirado. Entao, respire fundo, pense que isso é coisa de criança e que exige sua intervençao. Precisamos ter mais paciencia com as crianças, pessoal. tudo isso que elas fazem faz parte dessa fase...



(05:44:37) Deusa fala para Rosely Sayão: A sra. concorda que ao partir para a palmada ou seja agressão fisica, o pai ou a mãe já perdeu o controle?



(05:46:17) Rosely Sayão: Deusa: concordo sim, minha cara. Quando apelamos para a palmada, em geral não sabemos mais o que fazer... mas ha tanto o que pode ser feito!



(05:46:23) Eliete fala para Rosely Sayão: Infelizmente, minha filha foi agredida por uma babá, entre 1 e 5 meses a 1 ano e 9 meses. Foi muito ruim ver o vídeo. Acredito que é necessário algumas palmadinhas na educação de uma criança, mas sempre pelos pais. A babá é uma funcionária contratada para cuidar de seu filho e se está com dificuldades deve então passar a situação para os pais ( no meu caso fazia parte do combinado com a babá). O que você pensa sobre isso?



(05:48:31) Rosely Sayão: Eliete: na~faz sentido ser a favos da palmada mas so quando dada por alguem em especial... os filhos não sao propriedades dos pais. se vc bate, por que a baba acharia que ela nao pode bater? se consideramos a palmada educativa, todos que educam podem bater, nao e verdade? afinal, trata-se de uma ideia de educaçao que esta em jogo.



(05:49:01) Juli fala para Rosely Sayão: Como lidar com a criança incontrolável, que não obedece, alguns pais ameaçam, outros colocam de castigo, o que é mais efetivo?



(05:51:13) Rosely Sayão: Juli: a propria expressão "criança incontrolável" já evidencia a impotencia dos adultos frente a ela. Ha crianças que exigem mais dos pais, ha outras que exigem menos. Mas criança incontrolavel? Eu diria melhor: adultos impotentes. E hoje temos muito disso.



(05:51:19) Helena fala para Rosely Sayão: qual a distorção de personalidade ou problema psicológico que umas palmadas (fracas e com motivo notório) pode acarretar para uma criança quando for adulta???



(05:53:13) Rosely Sayão: Helena: nao temos respostas para essa questao. Temos hipoteses, fazemos conjecturas.... MAs nenhum conhecimento nos permite fazer previsões. Mas certamente que quem cresce convivendo com a pequena violencia cotidiana, achara isso normal, no minimo....



(05:53:13) joao pergunta para Rosely Sayão: Olá Rosely, como orientar um filho a se defender na escola, uma vez que em casa não usamos de violencia física. infelizmente na escola as crianças são educadas de modos diferentes e sempre tem aqueles pais que orientam seus filhos a baterem,a não levar desaforo para casa. por outro lado a criança que não se defende, pode sofrer bullyng? o que fazer??



(05:55:37) Rosely Sayão: boa questão Joao! Pense na vida nas grandes cidades. sabemos que ha regioes perigosas, entao evitamos, nao e? Seria olooucura ir para la armado. Pois isso pode ser ensinado à criança: reconhecer situações de risco de violencia para se desviar delas. Se seu filho diz que apanha de um colega, ensine-o a se manter distante. E, principalmente, reclame com a escola.Criança apanha na escola e nenhum adulto ve?



(05:56:08) zeca fala para Rosely Sayão: Rosely, por que não toleramos que ninguém bata ou chame a atenção de nossos filhos, quando nós mesmos muitas vezes punimos com maior severidade ainda?



(05:57:30) Rosely Sayão: Zeca: adorei sua observaçao! Porque os filhos foram privatizados agora. Nao sao mais o futuro da humanidade e sim propriedade privada dos pais. ISso nao e uma grande insanidade da nossa parte?



(05:57:47) jackyflor fala para Rosely Sayão: Sou contra às palmadas, porém tenho uma dúvida que não quer calar, porque os pais de antigamente eram super rígidos e muitos até achavam que umas boas palmadas eram primordiais e os filhos eram bem mais obedientes, respeitavam e até a sociedade não era essa baderna que é hoje????



(05:59:35) Rosely Sayão: Jackyflor: vamos com calma. concordo que antigamente a educaçao era mais rigorosa. MAs o mundo era diferente: quase todo mundo pensava do mesmo jeito. alem das palmadas, os pais tinham autoridade moral tb: um olhar dos pais bastava para brecar uma travessura... hoje, os pais e que tem medo do olhar de reprovaçao dos filhos...